Marcelo Lins
Ao aproximar-se o fim de tarde da quinta feira 22 de maio de
1930 o Recife e Olinda encontravam-se em polvorosa, milhares de olhos
vasculhavam o céu e o horizonte na expectativa de avistar os primeiros sinais do
dirigível Graf Zeppelin em sua primeira viagem sul-americana. A população
ansiosa apinhava-se nos tetos das casas, terraços e nos edifícios mais altos da
cidade: Moinho Recife, no prédio do Diario de Pernambuco, no Hotel Central e
mesmo perigosamente no alto da cúpula do Palácio da Justiça.
O Graf Zeppelin sobrevoa a Ilha de Santo Antônio, no Recife
A chegada do dirigível já era esperada há algumas semanas. O
jornal Diario de Pernambuco em sua edição de 16 de abril reportava a celeridade
das obras empreendidas no campo onde era erguida a torre para a amarração do Zeppelin
nesta sua viagem de experiência. Toda de
ferro, com 16 metros de altura, será colocada no centro dum circulo de 300
metros de raio, será a zona de permanência do dirigível.
A medida que o sol se punha, aumentava a expectativa da
audiência espalhada pela cidade. Às 18 horas, uma mensagem do comandante Hugo
Eckener informava chegarei pouco depois
do pôr do sol. Quando as primeiras estrelas já brilhavam no firmamento,
gritos ecoavam pela cidade É ele! É ele!
quando um pequeno ponto luminoso surgiu quase imóvel no horizonte.
Por volta das 18 horas e 30 minutos, o D-LZ127 “Graf
Zeppelin” sobrevoava as torres da catedral da Sé de Olinda. As luzes da cidade
refletiam sobre a fuselagem prateado do dirigível com seus 236,6 metros de
comprimento e 30 metros de altura (o Boeing 747-400 tem apenas 76,3 metros de
comprimento e 19,4 metros de altura).
Ás 18 horas e 35 minutos o Zeppelin aterrissou no Campo do Jiquiá
depois da longa vigem iniciada quatro dias antes (18/05/1930) na cidade de Friedrichshafen
no sul da Alemanha, com uma parada em Sevilha na Espanha antes de iniciar a
travessia atlântica.