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segunda-feira, 12 de março de 2012

O Pasmado


Marcelo Lins
Seguindo do Recife para o norte pela BR-101, pouco depois de Igarassu, podemos ver a pequena igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem do Pasmado às margens da estrada, no ângulo formado pela BR e a PE-041 que segue para os municípios de Araçoiaba e Carpina. Quem pergunta-se admirado, o que faz aquela igreja solitária, no meio do canavial, com as costas voltada para a estrada? Pasmado ficaria com a resposta.
A primitiva capela de Nossa Senhora da Boa Viagem foi construída no início do século XVIII ou fins do XVII.  Era o centro do antigo aldeamento indígena que deu origem ao povoado do Pasmado. Em 1748 Borges da Fonseca no seu Nobiliarchia pernambucana, escreve sobre João César Falcão, morador do Pasmado.

Data de fins do XVIII, 1772 para ser mais exato, o  Livro de Batismo onde se registravam os nascimentos da povoação:
Aos 12 dias do mês de fevereiro de 1788 anos, na Capela de Nossa Senhora da Boa Viagem, pôs os santos óleos o Reverendo Coadjutor Mathias Pereira de Mello a Jerônimo, nascido a quatro do dito mês, batizado em casa pelo Reverendo José Bezerra de Mello, em perigo de morte, filho legítimo do Sargento-Mor Manoel César Falcão e de Dona Maria do Ó e Melo, moradores neste lugar, neto paterno do Coronel João César Falcão e Dona Joana Bezerra de Andrade, neto materno de Aires Barbalho de Figueiredo e de Dona Leonor Pereira da Cunha, e para constar mandei lançar o presente e o assinei.Antônio da Costa Pinheiro - Coadjutor de Itamaracá (Imagem 004 - Livro de Batismo de 1772 do Pasmado)[1]
Henry Koster que passou pelo Pasmado em outubro de 1810,  descreve o povoado de 200 a 400 habitantes, com um certo número de choupanas humildes que formavam um quadrado e um igreja. Em 1821, a igreja foi nomeada matriz da recém criada freguesia do Pasmado. Neste mesmo ano foi criado no lugar um comando militar com trinta soldados de milícia. Em 1822, foi criada uma escola primária com um professor  que recebia um salário anual de cento e vinte mil réis.
O Pasmado era então, em meados do século XIX,  uma animada vila com sua igreja e uma capela de Nossa Senhora do Terço, um prédio que servia de cadeia, mais de cem casas, e mesmo alguns sobrados. As primeira letras e latim eram ensinados em escolas públicas e particulares. Os festejos populares divertiam a sua população: presépios, fandangos, danças de corda, cavalhadas e “uma função chamada comédia”[2]
A decadência da povoação iniciou-se ainda naquele século, quando da supressão da freguesia pela lei provincial n. 44 de junho de 1837. Pereira da Costa também debita a ruína do povoado aos conflitos de terra com o senhor do engenho Caga-fogo.


[1] JFelipe – em http://trindade.blog.digi.com.br/category/historia/page/23/ - acessado  no dia 03.03.2012.
[2] Pereira da Costa, F.A. Anais pernambucanos. 2ª. Ed. estudo introdutório, José Antônio Gonsalves de Mello. Recife: Governo de Pernambuco, Secretaria de Turismo, Cultura e Esportes, Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco, Diretoria de Assuntos Culturais, 1983; vol. 8, p. 148.






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