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segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Olinda, o lugar - Parte I



Marcelo Lins

Um dos aspectos mais pitorescos sobre a fundação da vila de Olinda está ligada à escolha do sítio onde assentou-se o primeiro núcleo de povoamento. Contam alguns autores, que estando o primeiro donatário de Pernambuco, Duarte Coelho, a vagar em busca do local apropriado para fundar sua capital, deparou-se com um sítio, de onde diante da beleza da vista não conteve a exclamação Oh! Linda situação para se fundar uma vila!. Outros, como o frei Vicente de Salvador, tiram a primazia do donatário e creditam a nomeação da vila a um dos seus criados, um galego, que do alto do monte admirado  exclamou Olinda.





A lenda sobre a escolha do sítio para a criação de uma vila parece corroborar a crença de que as cidades portuguesas fundadas na América seriam frutos de uma escolha casual e aleatória, que se traduziria numa ocupação desordenada do território. Não que a bela paisagem que se descortina do alto da Sé de Olinda, cujos adjetivos aqui seriam insuficientes para descrever, não pudesse servir como pretexto para sua fundação. Mas, o local onde foi assentada a vila de Olinda, passa longe de ser fruto do acaso. Estudos mais recentes vêm demonstrando, que apesar da aparente desordem das cidades colônias portuguesas, estas são erguidas baseadas em princípios e regas, que mesmo não explicitas, eram fruto de uma longa tradição urbana presente na formação das cidades lusitanas desde o período medieval.

Na fundação de suas cidades, os lusitanos procuravam tirar proveito dos aspectos físicos e geográficos encontrados. O processo de implantação e consolidação da cidade portuguesa realizava-se no local e de acordo com configuração natural do local. Os núcleos embrionários de povoamento eram instalados, preferencialmente, em terreno elevado por necessidades militares e de defesa, tendo sempre um porto em suas imediações para comercio de transporte. 

A partir da cidade alta estes núcleos cresciam ocupando as encostas e terras mais baixas, criando um configuração urbana bem nossa conhecida, encontrada tanto nas cidades de Lisboa e do Porto, como nos assentamentos brasileiros do primeiro  momento de colonização, no século XVI: Salvador, Rio de Janeiro e Olinda.

Na primeira metade da década de 1530, a administração portuguesa estabeleceu o sistema de capitanias com o objetivo de iniciar a colonização do Brasil. Em 10 de março de 1534,  rei de Portugal D. João III doou ao fidalgo galego Duarte Coelho Pereira a capitania de Pernambuco.

“Sessenta léguas de terra da costa do Brasil, as quais começarão no rio São Francisco, que é do Cabo de Santo Agostinho para o Sul, e acabarão no rio que cerca em redondo toda a Ilha de Itamaracá, ao qual ora novamente ponho nome de Rio Santa Cruz, e mando que assim se nomeie e chame daqui por diante e isto com tal declaração que ficará com o dito Duarte Coelho a terra do Sul”[1]

O litoral de  Pernambuco, aquela altura, não era de todo desconhecido dos navegantes e exploradores portugueses. Em agosto de 1501, a costa Pernambuco era visitada pela expedição exploratória comandada por Gaspar de Lemos, da qual também fazia parte o florentino Américo Vespúcio. Ao longo das primeiras décadas do século XVI, outras expedições de reconhecimento e de patrulha foram enviadas pela coroa para as costas do Brasil.




[1]  PEREIRA DA COSTA, Francisco Augusto. Anais Pernambucanos, Volume I, p. 161-162

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